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terça-feira, 29 de abril de 2008

A Revolução do Justo (Parte IV)


Assim a revolução que Jesus quer trazer não é só uma revolução para a humanidade num todo mas sim para cada ser humano individualmente, Jesus pretende que cada homem alcance niveis superiores de perfeição e diz-nos que quando concretizarmos estes objectivos sentiremos então a verdadeira felicidade, uma alegria pacificadora.

Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;(S. Mateus 5,1-16)

Na lógica de Deus o mundo é uma escola onde cada ser humano é chamado a procurar por si só a sua verdadeira essência divina, portanto só se encontrando esta verdadeira essência diviina poderemos alcançar o máximo sentido da nossa existência. Por outro lado divinizando a humanidade estaremos a caminhar para uma sociedade mais perfeita, mais justa, daí a urgência nesta revolta de Cristo, uma revolução de paz assente na mudança de consciência.

Assim a felicidade que queres encontrar a todo o custo, aquela que realmente te trará paz e tranquilidade é conseguires divinizar-te, é conseguires ser melhor ser humano, é esta paz de que Jesus nos fala:

"Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize." João 14:27

Nós seres humanos no meio de tanta coisa bela deste mundo fácilmente achamos que tendo isto ou aquilo, fazendo isto ou o outro seremos felizes mas Jesus fala-nos de que que a maior das felicidades está na transformação interior da tua alma. É aqui que entra o sofrimento e a dor, a vida é feita de bons e de maus momentos para que o homem não pare de buscar, de procurar a felicidade. Nesta dinâmica está o Espirito que nos faz procurar sempre mais fundo, é que a felicidade que Jesus nos aponta está dentro de nós e não nas coisas do mundo.

«Deus criou espaços cheios de água para que os homens possam viver e espaços sem água para que tenham sede; e assim criou o deserto: um espaço com e sem água, para que os homens encontrem a alma.»
Provérbio Touareg

Assim Jesus proclama felizes os que choram, porque na sua dor não estão tão escravizados pelas coisas boas da vida e têm a alma mais aberta a receber a graça das graças, a sua divinização. Jesus alerta-nos que a saida do nosso ego centrismo não é um processo fácil e que até se pode tornar deveras doloroso mas o caminho faz-se caminhando e o fim ultimo desta jornada é o alcançe de uma maturidade profunda assente nos valores do amor. Tudo na vida se torna pretexto para que sigamos o nosso caminho para a maturidade das maturidades e este é, segundo Jesus, o principal objectivo da nossa existência. Tal e qual como é importante para uma criança as frustrações para o seu crescimento e amadurecimento, assim também o será para os adultos, para que eles encontrem o verdadeiro sentido das suas vidas.

À maturidade das maturidades Jesus chama santidade, é aqui que entra o ser santo, uma palavra tão banalizada que já quase caiu no ridiculo. Na nossa condição humana deste mundo poderemos não conseguir ser totalmente santos mas é preciso que caminhemos com este propósito se queremos realmente sermos felizes, é que é no ser santo que se encontra a felicidade, a maturidade das maturidades.

Nesta lógica de que somos chamados a uma verdade acima de tudo no mundo, faz todo o sentido a existência do sofrimento que se torna fogo ardente das nossas escravidões, por isso se diz que o sofrimento purifica... Só que mesmo sabendo isto, o sofrimento custa e será inevitável o choro e no meio dele poderemos pensar que não há sentido na vida, mas Jesus consola-nos chamando de felizes os que sofrem porque serão consolados, porque encontrarão a maturidade das maturidades.

"Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo." João 16:33

(continua)

segunda-feira, 28 de abril de 2008

A Revolução do Justo (Parte III)


A revolução de Cristo visa proporcionar uma vida qualitativa para cada ser humano, para tal será necessário mudarmos as prioridades mais profundas da nossa alma.

"Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus" (S. Mateus 5,1-16)

A lógica que conhecemos aponta-nos para temermos o futuro e para tentar a todo o custo ter uma vida boa, facto que nos faz procurar a riqueza e que nesta busca nos pode levar a procurar unico consolo nos bens materiais. Não que esta preocupação do ter não seja válida mas sim que somos chamados a muito mais do que isto. Bem aventurados os pobres de espirito porque não são escravos desta incessante procura de segurança, é a desconcertante nova de Cristo. Esta pequena frase das Bem Aventuranças aponta-nos duas dimensões de felicidade, a pessoal pois não seremos escravos desta preocupação desenfreada de riqueza e a social, pois agindo sem ter a prioridade da riqueza estaremos a agir no mundo de forma justa, procurando o bem de todos e não apenas o nosso unico bem.

Esta é a base da boa nova de Jesus, da revolução que Jesus quer instaurar. No fundo de nós Cristo chama-nos para não vivermos tanto a preocupação de consolo nas coisas deste mundo como condição para abraçar uma verdade profunda. Aos nossos olhos habituados ao mundo esta prioridade não faz sentido, mas aponta-nos o caminho para a procura de um sentido existêncial muito para além do que conhecemos. É aqui que entra o Reino dos Céus, um Reino diferente que assenta mais num estado de Espírito, uma leveza enorme que nasce de um profundo sentimento de tranquilidade e de paz. É esta profunda paz que Cristo quer trazer aos corações humanos e que só pode vir de Deus, não das seguranças que queremos comprar a todo o custo neste mundo, por isso sorte daqueles que não se preocupam em primeiro lugar com os consolos deste mundo pois serão totalmente livres no seu interior para abraçar a verdade divina. Não há nada melhor na vida de que o abraço consolador de Deus que é Pai e nada nos pode separar deste abraço a não ser nós próprios que continuamos a preferir querer ser escravos.

Se estás a pensar que a vida é muito curta e que não acreditas na vida depois da morte, pensa ao menos que uma consciência tranquila é a chave de uma paz mais profunda, cada ser humano não se pode sentir totalmente tranquilo sabendo que irmãos seus sofrem e é realmente no agir mais de acordo com o bem comum, numa óptica de amor que está o segredo da paz das pazes, uma paz profunda, uma consciência totalmente tranquila. Podemos enganarmo-nos a nós próprio dizendo que já possuimos a paz nas coisas deste mundo mas seria preciso vivenciarmos a a paz de Deus para percebermos o quanto estamos enganados, uma paz que o Pai permite que sintamos mesmo sem acreditarmos nEle. Além disso esta pobreza de Espírito proclamada por Jesus é a chave para uma sociedade mais justa, mais equitativa, onde cada um tem o que realmente precisa.

No fundo de ti és chamado a mudar as tuas prioridades, de forma a que a tua vida seja realmente uma luz desta revolução que há tanto tempo paira no ar... Bem Aventurados os pobres de Espirito, bem aventurado quem não é escravo da procura desenfreada de segurança, segurança financeira, segurança prazerosa, segurança afectiva em pequena escala. Jesus chama-nos a uma segurança afectiva numa escala mutio mais profunda, num sentido profundo que a nossa passagem neste mundo não é em vão e que realmente fomos uteis, que a nossa vida serviu para alguma coisa, ensinando-nos que só amando muito poderemos encontrar um tesouro dentro de nós:

"Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração." Mateus 6:21

"Também o reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo, que um homem achou e escondeu; e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo." Mateus 13:44

(Continua)

terça-feira, 22 de abril de 2008

A Revolução do Justo (Parte II)


Jesus voltou-se e, notando que eles o seguiam, perguntou-lhes: «Que pretendeis?» Eles disseram-lhe. « Rabi - que quer dizer Mestre - onde moras?» Ele respondeu-lhes: «Vinde e vereis.» Foram, pois, e viram onde morava e ficaram com Ele nesse dia. Era ao cair da tarde. (Jo 1, 38-39)

Começo hoje com este excerto de São João que nos mostra a adesão dos discipulos a Cristo. Os discipulos estavam fascinados com este Cristo, que lhe tocava o fundo das almas, neles a revolução do Justo estava a começar a entrar. Afinal que Homem era aquele, que falava que era preciso criar o Homem Novo. Os discipulos sentiram que estavam ao pé da verdade, era muito consolador a presença deste Cristo nas suas vidas e a sua curiosidade acabou por ser mais forte, eles queriam saber quem era aquele homem, de onde vinha tanta autoridade, Sentiam que a verdadeira vida estava ali e seguiram-no. Esta pequena passagem contém um grande sentido teológico, enquanto não conhecemos Jesus e a nossa ignorância fala mais alto não nos sentimos atraídos por Ele mas quando começamos a sentir que existe ali algo de muito especial, aguçamos os sentidos e torna-se inevitável que queiramos saber um pouco mais do grande plano deste homem para a humanidade, sentimos que ali podemos encontrar um sentido para a nossa vida e a vontade de conhecê-lO começa a despontar na nossa alma.

É então que Jesus pergunta o que eles querem, Jesus sabia mas fez a pergunta para que fossem eles a aderirem por livre vontade, é que Jesus não nos obriga a segui-lO, deixa-nos livres para que possamos aderir a partir da nossa própria vontade. Eles responderam com outra pergunta, onde moras? Jesus não perdeu tempo a explicar, porque para O conhecermos verdadeiramente temos de O experimentar, temos de O conhecer, Jesus não perde tempo com discursos politicos para cativar os seus discipulos, Ele apenas mostra a sua vida e o seu modo de viver, daí a sua resposta "Vinde e vereis". E os discipulos foram, seguiram-nO, mergulharam intensamente na sua vida, no seu amor, na sua paz e só assim na experiência de vida com aquele nazareno o podiam ficar realmente a conhecê-lO. Estas palavras de Jesus continuam a ecoar para cada novo discipulo que sente curiosidade nEle, vinde e vereis.

Não podemos ficar do lado de fora para conhecer o Mestre, do lado de fora não podemos sentir a grande revolução que Jesus nos quer ofertar, do lado de fora não nos entregamos e não podemos sentir Deus pois Deus é amor, é entrega e só assim O poderemos conhecer, entregando-nos de alma e coração. Pode acontecer que depois O abandones, pode ser que acabes por optar por outros caminhos, mas só poderás dizer que O conheces penetrando no seu mistério profundo. Depois até podes querer abandoná-lo mas se não O procuraste e se não ficastes com Ele não podes dizer que O conheceste verdadeiramente. Daí que acho que todos deveriamos passar por uma experiência de catequese, pelo menos para percebermos melhor quem é este Jesus, que projecto quer Ele para a humanidade.

(Continua...)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

A Revolução do Justo...


É necessária uma revolução na humanidade, são os gritos mudos de uma humanidade sofrida que a reclama. Olhando esta humanidade podemos fácilmente encontrar miséria e tristeza, e uma injustiça profunda. Enquanto que alguns vivem a encher os bolsos julgando estar no muito ter a felicidade, outros continuam a verter lágrimas de miséria. Ainda há os que vivem remediados mas que não são felizes porque queriam mais, queriam o que os mais poderosos têm... É necessária uma revolta, mas uma revolta pela violência só mudará o rosto da injustiça pois o que realmente importa mudar é o interior de cada ser humano. Assim a revolução que salva a humanidade só pode ser uma revolução de paz no interior de cada ser humano, ajudando-o a ser melhor, a pensar mais nos outros, a não viver tão preocupado com o seu futuro neste mundo que é tão curto e que passa tão rapidamente.

É necessária uma revolução interior, na mudança de prioridades pessoais, na mudança de uma procura desenfreada de sentimento de segurança, para uma procura da construção do bem comum. Não interessa mudar os cargos, os postos e as posições, a revolução que aqui vos trago é uma revolução que só dará resultado se fizer sentido no interior de cada ser humano, na mudança de mentalidades, na procura de outros ideais assentes no diálogo e no primordial objectivo do bem de todos.

Agora digo-te que esta revolução está em curso, sempre teve, é tão velha quanto a relação de Deus com o Homem pois é desejo de Deus que o homem seja feliz. trata-se de uma revolução que teve muitos pontos altos na vida dos homens, sendo um dos mais altos a vinda de Jesus a este mundo, acreditando ou não que Ele é a encarnação do próprio Deus, é indiscutivél que foi um dos marcos mais importantes na história da humanidade. Jesus falou abertamente desta revolução, chamou-nos a atenção para que só ocorrendo esta revolução o homem podia ser digno de ser divino e de ser feliz. Jesus não queria que nos menosprezássemos, Jesus queria sim que nos elevássemos, que mudássemos o nosso interior, as nossas prioridades, Jesus quer a nossa divinização, só que o caminho que nos aponta é contrário à lei do mundo que conhecemos, assente, sobretudo, na procura de segurança. Jesus mostrou-nos que é preciso ir mais além no nosso interior do procurar unicamente a nossa felicidade e a nossa segurança. Jesus aponta-nos um caminho interior de conversão que não é fácil, que implica possuir-se valores mais altos e muito mais além do nosso egoismo.

A revolução que Deus quer instaurar em cada homem é que só o amor interessa, que só o amor incondicional é verdadeiramente justo porque procura o bem de todos sem outras intenções do que espalhar o perfume de uma nova primavera pelo mundo.

Hoje, tu que me lês podes aderir a esta revolução e fica desde já a saber que o primeiro campo de batalha vai ser dentro de ti, na mudança da TUA vida, do TEU interior, é aí que estará o principal campo da tua batalha se quiseres aderir a esta revolução, e só quando tiveres resultados para apresentares poderás partir para lutas mais fora do teu interior, só quando te libertares no teu interior poderás anunciar ao mundo a tua alegria e a paz que descobristes. Procura revolucionar o teu interior, não se dê o caso de que lutando por um mundo melhor derrubes poderosos para apenas ocupares o seu lugar e tudo ficar na mesma. Tens que viver a revolução e tornares-te luz desta revolução, semeando o fogo do amor pelo mundo...

A revolução começa dentro de ti, não esperes que venha de fora...

Evangelho segundo S. Mateus 5,1-16:

E JESUS, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos;
E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;
Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;
Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;
Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.
Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.
Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;
Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Encontrar...



Supostamente, sendo a igreja alimentada pelo Espirito deveria ser perfeita e no seu exemplo deveria mostrar a magnitude da vida de Jesus através de actos concretos. Nem sempre assim é, pois a igreja é humana e os homens buscam e na sua busca também erram. O mesmo se passa com as escrituras biblicas, são relatos desta experiência humana com Deus, uma relação nem sempre fácil, onde Deus misericordioso e paciente nos vai moldando e ensinando a abraçar a verdade das verdades, o amor pleno, o amor eterno. A vida é um processo complexo onde dificilmente morremos para nós mesmos e onde dificilmente deixamos de parte o nosso orgulho exagerado e o nosso egoismo. A vida é assim um caminho, um caminho onde nos vimos lançados ao mundo desnudos, sem nada. Olhamos em volta e o nosso ser quer buscar um sentido, o nosso coração sabe que esse sentido existe mas não vimos de forma clara para que busquemos esse sentido por nós mesmos. É então que tomamos muitos caminhos errados, que nos podem dar sentido mas cujo sentido se vai desvanecendo. A vida é uma longa caminhada no escuro, buscamos, procuramos mas nem sempre encontramos e voltamos a procurar, a querer encontrar um sentido consolador das nossas dores.

Felizmente que Deus tem lançado muitas luzes ao mundo e nestas luzes os homens se têm guiado na certeza de que é no amor que está o sentido buscado, falando com as diversas religiões podemos ter uma compreensão do caminho que cada homem precisa de percorrer, ou pelo menos de parte dele. Mas Jesus Cristo foi talvez o que mais mostrou este caminho, trazendo ao mundo um exemplo de vida que arrepia, que confunde, que alerta, que aponta em sentido contrário ao nosso orgulho exagerado e ao nosso egoismo. Jesus vai ao ponto de nos dizer que para alcançar a felicidade e o verdadeiro sentido existêncial temos que morrer para nós mesmos e buscar no amor a vida em abundância. As palavras de Jesus dos evangelhos, cortam-nos, vão contra os nossos instintos egocêntricos, apresentam uma transformação que consiste no abdicar de nós. Não é por acaso que o verdadeiro cristianismo ainda é utopia na humanidade, custa muito percorrer este caminho, que no fundo sabemos ser o unico mas que vai contra as nossas expectativas. É que não é fácil mudarmos totalmente, não é fácil porque temos de sair da lógica egoista do mundo e podemos acabar por ser lezados por um mundo que não compreende a nossa nova vida. É dificil levar a paz a um mundo de ódio pois o nosso instinto diz-nos para responder ao ódio com ódio e Jesus veio dizer que só pelo amor se pode trazer paz. Deus deixa-nos livres nestes dilemas, porventura houve guerras necessárias, se calhar continua a haver guerras necessárias, não sei nem quero entrar por aí, mas é tempo de procurar outros caminhos, caminhos de dialogo, caminhos de paz, pois só pela paz podemos alcançar a paz.

É nos pedido que nos renovemos totalmente e radicalmente, passando do instinto egoista para uma lógica do amor e segundo Jesus não poderemos alcançar a verdadeira felicidade enquanto não nos convertermos, enquanto não pusermos a lógica do amor acima das nossas paixões. A vida torna-se assim maturação, crescimento, um percurso que vai da escravidão à plena liberdade do amor incondicional. Dificil? Sim é, mas se não o fosse não poderiamos dizer que era por nós mesmos que aderiamos à felicidade, se fossemos santos por medo de sofrer ou por medo de um castigo não estariamos a aderir verdadeiramente à felicidade, assim é preciso percebermos na nossa profundidade que a luz de Deus é o caminho, a verdadeira felicidade. É preciso percebermos dentro de nós onde está a verdade. É preciso experimentarmos as trevas da tristeza e a amargura da vida para podermos ter sede e nessa sede encontrar finalmente a Água Viva, não uma água qualquer mas uma água que se transforma em fonte para sempre a jorrar. Jesus é o Bom Pastor, que nos guia, tentando imitar os seus passos descobriremos passos de vida, de verdade e justiça, lendo na sua vida encontraremos a nossa, comtemplando a sua luz encontraremos a nossa alma, livre de tudo o que a aprisiona.

Façamos esta caminhada interior de renovação, as pistas há muito que foram lançadas ao mundo, são as pégadas que outros vão deixando, pégadas de santidade, pégadas santas que conduzem ao Santo dos Santos. Jesus foi o que pisou o caminho de forma mais clara e outros, à sua maneira, tem seguido estas pégadas, têm errado, têm voltado atrás e muitos têm conseguido deixar as suas marcas no mundo, marcas que nos apontam o Pai... É isto que nos é pedido, que busquemos, que nos libertemos e que sirvamos para libertar outros. Se pisarmos errado, voltemos atrás sem vergonha, pois revelar onde está o erro também é pista para a verdade.

Renova-te!

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Mundo e mundos


Ontem à noite revi o Fiel Jardineiro, um filme que gosto muito e que fala da coragem na luta pela vinda de uma primavera à humanidade, em especial num continente tão martirizado pela dor e pelo sofrimento como o africano. Pensar que a Humanidade já conseguiu tanta coisa e ainda não consegue desdobrar-se para que não haja tanta dor e sofrimento, pensar que com tantos avanços na teologia, na filosofia, na ciência e no modos de pensar ainda se põe o crescimento económico acima de tudo.

A mim custa-me pensar que enquanto me queixo da minha vidinha, enquanto estou no quentinho do meu lar, muitos seres humanos sofrem a pobreza extrema, faz-me doer o coração. Nestes momentos se prestar atenção com os ouvidos da minha alma oiço o carpir triste que povoa o mundo, oiço o bater das lágrimas no chão, oiço a desolação do mundo.

Quer no mundo mais desenvolvido, quer no outro, o chamado de terceiro muitas dores povoam as almas dos homens, muita coisa oprime o ser humano não o deixando ser feliz e livre. Por isso importa não parar esta luta por uma Primavera que chegue a todos, é preciso gritar aos quatros ventos, apregoar um mundo novo, tocar nos corações humanos, fazê-los sentir o outro e as suas dores.

Olhando o mundo vejo choro, o choro dos ricos que no fundo de si sabem não serem livres, o choro dos pobres que acham a vida uma madrasta má, o choro dos remediados que crêem que a razão dos seus males está na injustiça de não serem tão ricos como os mais ricos, o choro daqueles que nada tem e que apenas pedem um bocadinho de pão. Oiço também o choro de tantos que procuram um sentido e que não encontram...

Mas ainda bem que há os outros, aqueles que mais clarificados interiormente, crentes ou não, lutam pela primavera, estes podem sentir o toque do Espirito Santo e a sua vida tem um sentido, na sua luta pela paz lançam sementes da Primavera à terra e esperam pacientemente a vinda da chuva do Espirito Santo, pois crentes ou não, todos sabemos no fundo de nós que este Espirito existe e que é este Espirito o motor por um mundo melhor!

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Visões do outro Mundo, o interior...


Alucinações... ou loucuras... quem sabe?

Hoje voltei a entrar dentro de mim, voltei a percorrer as planicies do meu ser em voo picado e pousei perto do riacho onde costumo falar com Deus... Mas chamou-me a atenção uma porta no meio da vegetação, nunca a havia visto, entrei para espreitar. Estava lá um ser estranho, invisivel quase, cor de transparente... saudou-me... perguntei: quem és? Respondeu: Sou aquilo a que chamam diabo... Voltei: e que fazes aqui? respondeu: eu vivo em cada ser humano para que ele possa ter motivação, sou a força que o faz querer reproduzir-se e passar e saborear as coisas deste mundo. Era apenas um instrumento para salgar um pouco a vida, mas...

Olhei para ele e senti dentro de mim a agonia que vivia, vivia revoltado por não ter a sorte dos seres humanos. Ele queria que Deus fosse mais assim carnal, que todo o sentido tivesse no carnal e não só no espiritual, ele queria, sobretudo ter a sorte dos humanos e poder usufruir das coisas boas deste mundo que tem estas coisa para chegar ao espiritual.

Mas ele queria que o sentido tivesse nisto para que os anjos como ele também pudessem usufruir dos prazeres terrenos. "Os seres humanos que vivem só pelo prazer são como eu, também eles queriam uma vida com sentido primordial no carnal e não o contrário." Por isso ele os tenta conquistar numa revolta contra Deus. Mas Deus não pode mudar as coisas, ele sabe que só no espiritual está a verdadeira vida, o próprio mundo é instrumento na divinização do homem, por isso Deus não pôe entraves aos males que nos acontecem, aos invernos que nos surgem sem baterem à porta. E são as amarguras da vida que nos vão fazendo mais forte buscando o sentido noutras coisas...

Depois pensei nos imensos seres humanos que partem deste mundo em desespero de não poder ter uma vida carnal eterna... Enlouquecidos pelo bom sabor da vida mundana querem agarrar-se à vida, por isso Jesus disse feliz do que morre para esta vida, há-de nascer para uma nova vida... Mas este nascimento só se pode dar interiormente. dentro de cada um e por isso Jesus não se cansa de lutar por nós.

Tudo deu uma reviravolta, já estava ao lado do rio... Jesus sorriu para mim e... e desapareceu numa neblina repentina... acordei, ia esbarrando contra uma montra, afinal estava a andar na rua...

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Emaús, o Caminho da vida!


No Evangelho de S. Lucas, após a ressurreição de Jesus Cristo, aparece-nos uma passagem com os chamados discipulos de Emaús (Lc 24,13-35). Nesta passagem dois individuos caminham para Emaús, desalentados com o que viram em Jerusalém. Ambos tinham vivido muita coisa bonita com o seu Mestre, e com Ele tinham aprendido um sentido novo de existência mas as suas esperanças estavam em que fossem libertados do jugo romano e agora o seu Mestre estava morto. Eis que surge um estranho no meio deles e pergunta o que se passa. Os discipulos muito admirados por o outro desconhecer os acontecimentos explicam que Jesus havia morrido. Está claro que este estranho era o próprio Jesus e sem se dar a conhecer começou a explicar as escrituras, renovando o alento daqueles discipulos ao ponto que na hora da despedida eles pediram que ficasse utilizando esta maravilhosa expressão: «Ficai connosco, Senhor, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite». Jesus ficou e ao partir do pão deu-se a conhecer deixando os discipulos entre surpresos e arrependidos: «Não ardia cá dentro o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?».

Esta é uma das passagens mais bonitas dos Evangelhos e aborda o ser humano na sua profundidade face ao mistério de Jesus Cristo. Jesus pregava a vida em abundância, uma vida plena em que o amor é o grande condutor, uma vida plena em sentido, fonte de água viva. Nós hoje também temos as escrituras que nos ensinam esta nova vida e que nos explicam de que forma Deus se faz presente na nossa vida do dia a dia, mas tal e qual como os discipulos de Emaús tambem não reconhecemos a Sua presença, somos cegos muitas vezes, não vimos ou não queremos ver. Aqueles discipulos estavam amedrontados e este seu medo impedia-os de ver a verdade, de sentir plenamente o sentido da vida ensinado por Jesus, mas o desespero que sentiam continua alastrado pelo mundo. Quantas vezes não somos nós como eles, Deus faz-se sempre presente na nossa vida mas muitas vezes não O queremos ver, porque não acreditamos no poder da vida sobre a morte e acabamos por cair no desespero. Acabamos por abraçar uma vida de morte assente de que é preciso aproveitar enquanto cá estamos e que de nada nos serve aprender o caminho ensinado por Jesus Cristo ou pelo amor, ou pela religião. Eu sei lá se há vida depois da morte, para quê lutar por ideais quando isto tudo tem um fim e acaba. Desalentados baixamos os braços e acabamos por abraçar uma vida egoista, sem grande doação. O que nos vai segurando num caminho de luz, muitas vezes é a familia, o desejo de ter filhos e o amor que temos dentro de nós, mas hoje em dia há muita gente que já nem pensa em casamento e em filhos, diria que são cada vez mais.

A Humanidade vive o desalento dos discipulos de Emaús de forma cada vez mais profunda, às tantas já nem queremos reconhecer a verdade, a nossa unica verdade é que não vale a pena uma vida de amor, de entrega, de doação, este tipo de vida é cada vez mais uma coisa de doidos e sem sentido, já que o que é preciso é aproveitar a vida ao máximo, beber uns copos, dar umas "kecas" e curtir a vida, enquanto cá estamos. Este desalento fecha-nos dentro de nós mesmo e impossiblita-nos a chegada ao amor, um amor maior, mais verdadeiro, mais autêntico, mais fonte de vida. Os tempos que correm são tempos de morte, de descrença, do não reconhecimento de Deus na vida, no dia a dia. As escrituras já não nos dizem nada e para o nosso novo estilo de vida é preferivel não acreditar num Jesus ressuscitado pois a fonte da nossa vida tornou-se o desespero do medo da morte.

Eu sinto este desalento todos os dias, também eu caminho desalentado com a vida, muitas vezes porque quero e porque assim posso curtir a vida, ainda assim isto é tudo para acabar então há que aproveitar.

Mas no Evangelho Jesus deu novo alento aos discipulos, de que afinal Deus é um Deus vivo e existe esperança. Começou a fazer-se luz no coração dos discipulos, uma luz tão forte que acabaram por pedir que aquele estranho ficasse, afinal a maior das alegrias está no amor, mesmo que acabamos por perecer com a morte, a maoir das alegrias está em amar e só neste amor podemos ter uma vida autêntica, mesmo que seja finita, mesmo que acabe um dia.

É então que à mesa Jesus parte o pão e naquele partir do pão se revela, operando novo milagre naqueles discipulos. Os discipulos passam a ver porque ficam com o coração cheio de esperança e de amor e após Jesus desaparecer soltam este desabafo: «Não ardia cá dentro o nosso coração, quando Ele nos falava pelo caminho
e nos explicava as Escrituras?». É assim a nossa vida, deixamo-nos abater por uma miséria existêncial de que nada vale a pena e muitos sinais nos são dados em contrário mas muitas vezes preferimos viver no desespero, porque ele é fonte de um vida vivida pelo prazer, egoista, centrada nas nossas alegrias mudanas. Não queremos ver e mesmo com os sinais que nos são dados continuamos a não querer ver, fechados no nosso egoismo mesquinho. Reflitamos neste Evangelho e procuremos em que momentos da vida mais se Deus se faz presente, e sobretudo neste Domingo vamos à missa e no momento da consagração olhemos o pão elevado no alto e reconheçamos o próprio Jesus que nos quer ensinar, que nos quer falar, que nos quer dar vida em abundância!

Paz!