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segunda-feira, 19 de maio de 2008

A Revolução do Justo (Parte IX)


O Deus que Jesus nos veio revelar é um Deus de amor, de um amor profundo, de um amor tão grande que podemos dizer que Deus é doação, Deus é uma fonte inesgotável de graça que nada guarda para si, todo Ele se entrega, se dá, sem reservas. Assim Jesus tudo recebe do Pai, Jesus é a própria graça de Deus doada até à exaustão e por sua vez este Jesus nada guarda para si, tembém Ele se entregou e continua a entregar, a sua vida foi neste mundo e é no outro uma doação total e assim a graça está ao alcançe do humano através do Espiríto Santo. Uma dinâmica perfeita que exclui o egoismo, assente numa entrega total de amor. Tudo isto com o propósito de trazer a verdadeira felicidade aos homens, não para a dar assim sem mais nem menos, mas sim para que o homem possa aderir de livre vontade a receber o maior dos bens, a graça de Jesus Cristo, doada pelo Pai descida ao humano pelo Espiríto Santo. Jesus é a face do homem novo que Deus Pai quer ver nos seus filhos.

"Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente.
Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que faz; e ele lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos maravilheis.
Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer.
E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo;
Para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou.
Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida
."
João 5, 19-24

Então como ser o homem novo? Que pistas nos são dadas para sermos o homem novo, abundante em vida e em graça? Onde procurar?

Jesus subiu aos céus, dizem-nos os Evangelhos e a primeira pista lá apontada é o Espiríto Santo, o dom de Deus totalmente doado aos homens para que estes alcançem a graça das graças, ser o homem novo, o homem livre, o homem capaz de um amor muito mais profundo. Mas sobretudo a grande pista que nos aponta o norte, a flor de lís que guia o cristão são as escrituras, a biblia sagrada. O Espiríto Santo ajudará mas temos de ser nós a dar o primeiro passo e este passo está na leitura e na meditação das sagradas escrituras. Neste livro não encontramos directrizes de vida muito directas, por isso é importante a meditação. Neste livro, principalmente no antigo testamento (Antes de Jesus Cristo) somos convidados a ler histórias da relação de Deus com os homens porque Deus é o Deus da relação, do dialogo, é um Deus que não abandona os homens à sua sorte mas que vive com eles, sofre com eles, alegra-se com as suas alegrias e chora com as suas tristezas. Assim torna-se muito util a leitura destas passagens que falam na relação entre Deus e os homens mas é importante que seja uma leitura meditativa. É preciso ler olhando a nossa vida, o mundo que nos rodeia, sem levar logo à letra tudo o que está lá escrito. É preciso ler meditando e rezando, construindo a nossa própria relação com Deus sem ter como certo o que lá está escrito mas questionado, reflectindo. Esta é a pista das pistas que nos podem guiar para o Homem Novo.

"E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.
Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus
."
(Mateus 4, 3-4)

quinta-feira, 15 de maio de 2008

A Revolução do Justo (Parte VIII)


"Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós."

(S. Mateus 5,1-16)

A revolução do Justo pretende-se no interior do ser humano, mas não é uma revolução pacifica, embora seja alimentada pela paz. Não é pacifica porque temos que nos mudar, mudar as directrizes do nosso interior, tomar consciência das nossas fraquezas e isto requer auto ferir o nosso orgulho pois estaremos a admitir que não somos perfeitos e que precisamos mudar, e, ao mesmo tempo estaremos a ir ao contrário da corrente de ideias que nos aponta segurança noutros caminhos. Assim ao aderir a esta mudança chamada de conversão teremos que nos tornar muito humildes no sentido de que admitamos as nossas trevas, os nossos medos, as nossas tendências egoistas.

Mas depois deste passo dado apercebemo-nos de que o nosso interior mudou mas o mundo exterior continua o mesmo e aí sentimos grandes dificuldades em ser diferente num mundo que continua igual. É muito dificil manter a nossa ideia firme quando todo o exterior nos aponta outros caminhos e nos fala de procurar seguranças que sabemos ser secundárias neste processo, como a riqueza, o prazer imediato, o garantir um futuro neste mundo a todo o custo. Assumir uma conversão de vida é assim um processo muito dificil em que teremos de mudar as prioridades, não é um processo que se finalize num unico momento, é precisa toda uma vida para que ele ocorra no nosso interior, caminhando neste sentido um dia de cada vez.

Mas conforme vais caminhando neste sentido o mundo continuará a puxar-te, as consciências pesadas dos outros quererão que te cales, que não mudes, que permaneças entravado neste crescimento, apenas procurando sentido nas coisas que eles têm como certo e lógicamente fonte de alguma segurança. É aqui que começas a ser persuadido a desistir da conversão e, se insistires neste caminho o mundo começerá a querer-te calar a todo o custo, pois tu irás começar a ser a voz da consciência que eles querem calar a todo o custo. Este querer calar resume-se em violência, pode ser pequena como ser posto à parte ou pode ser grande se te perseguirem, se te insultarem, se te quiserem fazer mal, calar-te a todo o custo.

É por esta razão que ao longo dos séculos têm existido os perseguidos, o próprio Jesus nos avisou que a nossa conversão não ia ser fácil, mas que era necessário para a nossa felicidade que nos mantivéssemos integros neste caminho, firmes como um pinheiro numa noite de grande tempestade. É assim que o ódio dos silenciadores de consciências cresce, cresce a tal ponto que a violência contra nós pode ir a extremos, o que não falta são exemplos de mártires que se mantiveram firmes na sua conversão pessoal, agindo no mundo de acordo com a sua consciência, uma consciência transformada pelo amor. Felizmente que hoje em dia as formas de violência contra os justos são menores, passando mais pelo desprezo e por acusações, mas ainda os há, ainda há mártires de sangue que são silenciados pelo assassinato.

Mas Jesus diz-nos que felizes dos que presverarem nesta nova atitude de vida, porque a sua vida terá um sentido, servirá um propósito muito mais abragente e será fonte fecunda de uma nova realidade humana.

(Continua)

terça-feira, 13 de maio de 2008

A Revolução do Justo (Parte VII)


"Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus"

(S. Mateus 5,1-16)

A revolução que Jesus proclamava para o interior de cada ser humano continua actual, continua a ser tão precisa como à dois mil anos. Jesus falava no Homem Novo, um homem que compreende a brevidade da passagem por este mundo, um homem que, consciente desta brevidade, aproveita a vida para alcançar o que realmente interessa alcançar. Só será feliz quem viver a vida pelo amor, pelo perdão, pela sensibilidade de perceber as máscaras que nós humanos pomos e ter a coragem de olhar para lá delas, onde se encontra o verdadeiro eu das pessoas, um eu tão frágil que contrasta com a imagem forte que queremos dar. Todos procuramos pequenas seguranças que vão dando sentido, faz parte do nosso processo de amadurecimento e de procura, mas é preciso que esse amadurecimento ocorra na totalidade para conseguirmos tocar no manto da fragilidade, lá no fundo do nosso ser, será neste toque que compreenderemos o verdadeiro, aquilo porque vale a pena lutar. Assim a verdadeira felicidade reconhece-se pela grande paz que se sente, uma paz que compreende, que aceita e que aponta o erro, não para deitar abaixo quem o practica mas sim para que o outro possa sair dos seus enganos. A verdadeira felicidade está em tocar a nossa fragilidade e aceitá-la e só assim comprenderemos que também o outro é frágil e que apenas se mascara com fortalezas de ser o melhor, de ser bem sucedido neste mundo.

Puro de coração é quem chega ao pleno conhecimento da nossa fragilidade, puro é aquele que nesta fragilidade percebe que somos só há uma maneira de ser forte e que é amando. Sabemos que o mundo proclama fracos os que amam e que perdem muito tempo a pensar mais nos outros mas Jesus vem dizer que quem consegue chegar ao amor é forte, forte porque teve a coragem de olhar para dentro, reconhecer a sua fragilidade, abrir caminhos entre os medos que nos habitam. Pois é, o homem procura sentir-se seguro, procura encontrar formas que o façam pensar que é forte e não frágil como realmente é, mas Jesus veio dar luz a esta escuridão, Jesus apontou-nos o amor como o propósito a que devemos chegar. É preciso escutar este Jesus, percebermos o que vai mal dentro de nós e que medos são estes que nos enchem tanto. Olhar para nós e aceitarmos que somos frágeis é doloroso, mas só assim estaremos aptos a mudar o nosso interior, a desviar os medos para alcançar a grande salvação do amor. Libertos dos medos estaremos livres para amar, amar por amar, sem esperar nada em troca, amar porque só amando alcançamos a verdadeira felicidade.

"Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu.
E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe)Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar."

(2Cor 12, 2-3)

Há muito que as pistas da felicidade foram lançadas, se queremos ser felizes teremos que ter esta coragem de olhar para além das máscaras, procurando o verdadeiro eu e o verdadeiro outro e então deixar o nosso coração falar, sempre com a mensagem de Jesus bem presente. Só assim chegaremos ao terceiro céu como S. Paulo dizia, o terceiro céu é um estado de graça concedido aos que ousam viver no amor.

"E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar.
Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim.
E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.
Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte."

(2Cor 12, 7-10)

Queres ser feliz?

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Vinde, ó Santo Espírito!


Rezando com a sequência de Pentecostes

Vinde, ó santo Espírito,
vinde, Amor ardente,
acendei na terra
vossa luz fulgente


Senhor da Vida, amor pleno, sentido máximo da existência humana vem e desce com o teu grande amor, como água sobre as terras secas do meu ser, inunda-me com a tua graça para que a minha vida, o meu ser alcançem a Primavera que nos queres trazer...

Vinde, Pai dos pobres:
na dor e aflições,
vinde encher de gozo
nossos corações.


Vem Senhor da Vida, amor pleno, sentido máximo da existência humana, inspira-me com a tua graça para que eu possa sentir que, embora não esteja livre das aflições, não estou sozinho, Tu estás sempre comigo, assegurando que o meu caminho seja para o grandioso abraço do Pai.

Benfeitor supremo
em todo o momento,
habitando em nós
sois o nosso alento.


Senhor da vida, inunda-me com a Tua presença para que eu não caia em desânimo, vem amor pleno desce sobre mim fazendo-me sentir que Tu és o sentido máximo, o portoque a nossa alma procura para se saciar.

Descanso na luta
e na paz encanto,
no calor sois brisa,
conforto no pranto.


Senhor da vida és os verdes prados onde me repasto e onde me consolo, és o Espírito consolador que não me deixa perder o norte, mesmo quando tudo à minha volta parece ruir, Tu te fazes presente mantendo-me de pé.

Luz de santidade,
que no Céu ardeis,
abrasai as almas
dos vossos fiéis.


Senhor da vida, que nos apontas a luz nos caminhos da vida, inunda-nos a todos, dá-nos o alento para que procuremos sempre Jesus nos rostos por detrás das máscaras humanas que nós homens tanto gostamos de ostentar.

Sem a vossa força
e favor clemente,
nada há no homem
que seja inocente.


Senhor da vida, sem ti o que seria de nós, afogados no nosso pecado, perdidos e desnorteados, sem vida, sem amor.

Lavai nossas manchas,
a aridez regai,
sarai os enfermos
e a todos salvai.


Senhor da Vida mostra-nos o nosso mau caminho e revela-nos docemente a verdade que és e que nos queres ofertar, curai as nossa feridas das quedas que damos e dos males que nos acontecem, leva-nos e conduz-nos à salvação do Amor.

Abrandai durezas
para os caminhantes,
animai os tristes,
guiai os errantes.


Senhor da vida, neste caminhar vivemos aflições cegos muitas vezes nos tornamos errantes, desce sobre nós a tua verdade para que sejas nosso consolo e nosso guia na escuridão do caminho.

Vossos sete dons
concedei à alma
do que em Vós confia:

Virtude na vida,
amparo na morte,
no Céu alegria.


Senhor da vida desce sobre nós e transforma o nosso ser egoista num ser de amor e de entrega, sê o nosso amparo sempre, na vida e na morte para que os nossos corações encontrem a alegria do amor pleno, do sentido máximo da existência.

ALELUIA

Aleluia. Aleluia.

Vinde, Espírito Santo,
enchei os corações dos vossos fiéis
e acendei neles o fogo do vosso amor.

terça-feira, 6 de maio de 2008

A Revolução do Justo (Parte VI)


"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos" Mateus 5:6

Aderir a esta revolução implica querer tomar consciência do caminho para uma sociedade mais próxima da perfeição. Embora saibamos que a sociedade perfeita é utopia, temos consciência de que se nada for feito será muito pior para todos. Assim Cristo aponta-nos uma nova maneira de viver assente na busca da felicidade completa e uma das consequências é o querermos o melhor para nós e para os outros e o melhor é a alegria de uma vida vivida pelo amor. Ter fome e sede de justiça é procurar ser recto de forma a que sejamos membros activos na construção de um mundo melhor para todos, onde as consciências permitam reconhecer que existe um outro que precisa de nós. Cada ser humano não se pode considerar completamente em paz sabendo que no mundo ainda muita gente sofre perdida na escuridão da vida, a consciência deste facto serve para que não baixemos os braços e para que lutemos o bom combate.

O cristão procura viver de acordo com a justiça, procura, primeiro de tudo, ser uma fonte de justiça no mundo com o propósito de que todos possam aceder a este nivel superior de vida que é a vida em comunhão com Deus que é amor. O cristão tem consciência de que este mundo não é justo mas que se todos vivessem de acordo com os ensinamentos do Mestre de Nazaré tudo seria bem melhor para todos. Bem aventurados os que entram nesta esfera da consciência e que procuram orientar a sua vida de acordo com a justiça, pois estarão a alcançar grandes niveis de liberdade face às coisas do mundo, lutando do lado da verdade e construindo o reino dos céus no seu tempo.

Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;

Neste caminho e neste mundo ninguém pode dizer-se com uma vida sem mácula, ninguém é perfeito, só é perfeito o Pai que está nos céus. Na nossa vida cristã temos o propósito de alcançarmos a santidade mas temos de ter consciência das dificuldades e dos enganos deste mundo, até porque de certeza que já nos apanhámos em queda. Assim antes de partir a querer julgar o outro, devemos pensar que se o outro agiu mal é porque ainda não vive perfeitamente a nova vida anunciada por Cristo, devemos julgar os actos mas não as pessoas. Assim para que o homem novo surja temos que aprender a construir e a edificar no amor e fazer isto implica aprender a perdoar, a perdoarmo-nos a nós próprios pelo nosso pecado, a perdoarmos os nossos irmãos que cairam em falta e até a perdoar Deus quando sentirmos que a nossa vida está a ser uma infelicidade. Para isto é preciso ter bem presente que o que importa é chegar a este resultado de um reino de amor e para que isso aconteça temos que aprender e ensinar a amar, pois o amor é a cura de todos os males. A violência gera destruição, o amor e o perdão geram vida e amor.

"E, TENDO Jesus entrado em Jericó, ia passando.
E eis que havia ali um homem chamado Zaqueu; e era este um chefe dos publicanos, e era rico.
E procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura.
E, correndo adiante, subiu a um sicômoro para o ver; porque havia de passar por ali.
E quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa.
E, apressando-se, desceu, e recebeu-o alegremente.
E, vendo todos isto, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador.
E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado.
E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão
"
Lucas 19, 1-9

Nesta passagem podemos ver como Jesus amou primeiro, não foi preciso acusar o pobre do Zaqueu, não foi preciso querer destrui-lo para que este mudasse de vida, Jesus apenas mostrou que precisava dele e que queria ser seu amigo. Em vez de destrui-lo como merecia, Jesus amou-o e o reino de justiça desceu àquele coração, o Zaqueu foi salvo naquele dia. Com esta passagem podemos entender a importância do uso de misericordia.

Para além disso ninguém neste mundo está livre de precisar de misericordia... Não podemos acusar e querer fazer justiça quando também nós temos os nossos podres. Temos o belissimo exemplo de um senhor que já não se encontra entre nós, o Papa João Paulo II, que após sofrer um atentado foi à prisão ter com aquele que o queria matar. Desta forma aquele homem assassino foi tocado pelo amor e também ele se arrependeu mudando a sua vida.

"Os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério;
E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando.
E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.
E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.
E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
Quando ouviram isto, redargüidos da consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio.
E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.
"
João 8, 4-9

A misericordia é essencial na construção do Reino de Deus, a misericordia de Deus e a misericordia de nós uns para os outros...

sexta-feira, 2 de maio de 2008

A Revolução do Justo (Parte V)


O sentido do Cristão é seguir os passos de Jesus para uma transformação interior que lhe dará muita paz. Cristo convida-nos a encontrar a felicidade ensinando-nos que a vida é muito mais e que a morte é apenas mais uma fase da vida. Por esta lógica somos convidados a sermos felizes, aqui e agora, a aproveitar a vida para alcançarmos uma maturidade muito maior. Mas não é fácil permanecer neste ideal, sobretudo nos tempos que correm em que se dá tanto valor ao supérfulo, ao consomismo, ao comodismo e quem o fizer arrisca-se a parecer tolo aos olhos do mundo, um infeliz. Sendo cristãos nem sempre temos a alegria que nos espera presente porque o ruído do mundo cheio de alegrias relativas fazem-nos ficar de pé atrás, às vezes sentimo-nos sós neste caminho, desamparados e, principalmente nas tribulações poderemos pensar que somos orfãos.

Evangelho segundo S. João 16,20-23.

"Em verdade, em verdade vos digo: haveis de chorar e lamentar-vos, ao passo que o mundo há-de gozar. Vós haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza há-de converter-se em alegria! A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque chegou a sua hora; mas, quando deu à luz o menino, já não se lembra da sua aflição, com a alegria de ter vindo um homem ao mundo. Também vós vos sentis agora tristes, mas Eu hei-de ver-vos de novo! Então, o vosso coração há-de alegrar-se e ninguém vos poderá tirar a vossa alegria. Nesse dia, já não me perguntareis nada. Em verdade, em verdade vos digo: se pedirdes alguma coisa ao Pai em meu nome, Ele vo-la dará."


Assim as nossas dores também nos são uteis, tal e qual como as alegrias, a dor é imprescidivel num bom crescimento e é a um "Ser" mais completo a que somos chamados, porque o que realmente interessa é alcançarmos a felicidade das felicidades, o sentido total, o amor pleno. No fundo aquilo que somos chamados é a sermos divinos.

À medida que nos formos construindo interiormente iremos alcançando uma paz interior que nos permitirá abrir os olhos para o unico caminho para um mundo melhor que seja um mundo edificante da pessoa sem injustiças.

"Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra" ( S. Mateus 5,1-16)

À medida que formos crescendo interiormente e que deixarmos a revolução do Justo ocorrer dentro de nós, passamos a ver o mundo de maneira diferente, vimos felicidade onde os outros só vêem tristeza e vimos desconstrução onde os outros pensam estar o ser feliz, mas sobretudo passamos a perceber os enganos, as tristerzas e as dores que povoam os seres humanos. Já não olhamos com ódio e o nosso objectivo de luta está na edificação do outro. Não significa este ser manso que nos calemos perante a injustiça, mas que sim que abraçamos uma forma de luta assente na paz e no tocar as consciências. Se atacarmos com violência estamos a dar mais pretextos aos outros para serem piores, mas se atacarmos com o propósito de edificar o outro estaremos a obrigá-lo a olhar o seu lado negro e menos bom. E aqui encontramos outro foco de dor e sofrimento, o reconhecimento que temos zonas muito feias dentro de nós, este é talvez o maior dos sofrimentos porque implica o não gostarmos de algumas partes de nós e o orgulho não nos deixa mudar, felizes os que encararem o seu lado negro e sofrendo por ele existir o consigam mudar.

O propósito do manso é este de levar-se a si próprio e aos outros a reconhecerem o pecado que não os deixa ser livres para o amor... A mais precisa das revoluções...