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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Família, o centro do amor...



Hoje venho-vos falar de família, mais nomeadamente de família cristã. Ao longo dos anos estes pequenos nucleos foram fundamentais na passagem de valores, de cultura e tradição. Acho que por mais jardins de infância de qualidade que existam ou escolas competentes, ou catequeses boas, nada substitui este nucleo social tão bonito. A família é ou deveria ser a grande escola do amor para a vida, o sitio de eleição de segurança, paz e amor numa procura do bem estar de todos os elementos, desde o netinho mais pequeno ao bisavô. Se vivessemos num mundo onde estes núcleos sociais procurassem mais o amor, o mundo seria menos egoista, mais salutar, mais nobre.

Sabemos que a vida de um casal não é fácil e muitas vezes o aturar-se não é mesmo nada fácil mas mesmo por essa razão o matrimónio é algo que nos tira do egoísmo, tira-nos do "é meu" para nos colocar no "é nosso" e são muitas as vezes que os cônjugues tem de abdicar de si para o bem do todos. Numa sociedade que procura o comodismo e o prazer esta forma de vida nada traz de gratificante, talvez a não ser o ter alguém certo na vida sexual, por isso o casamento está em crise e os divorcios aumentam assustadoramente.

Daí este meu grito de hoje, é que este fim de semana tive reunido com casais cristãos, não daqueles que são de "bem", vão à missa e durante a semana fazem o contrário do que ouviram, falo sim de casais que colocam Cristo à frente, que procuram vivenciar Cristo, que procuram trazer Cristo à sua vida. A sua vida como a vida de todos os casais não é fácil, mas comoveu-me muito a forma como se amam, como se respeitam, como procuram em comum o bem estar não só da sua família mas também do bem estar do mundo que os rodeia. Deparei-me com casais que tentam viver pelo amor, de casais que não abandonam os seus idosos mesmo que sejam já muitos chatos, de casais que vivem pelos filhos e pela sua formação humana, de casais que amam mesmo quando era quase impensável o amor. Falo de casais que estão comprometidos com o mundo, que o amam, que o tentam mudar para o amor.Falo de famílias que tentam viver segundo a sagrada família, num lar que não está isento das crises dos outros lares mas que colocam o amor, a paz e a harmonia à frente de tudo e que por isso são felizes numa felicidade que vai muito mas muito mais além da alegria do comodismo e do prazer egísta. Sofrem, choram, discutem, erram mas aprenderam o valor do perdão e conhecem a força que brota do seu amor, usam-na, transformam-se à luz de Cristo. São casais que vivem o ideal cristão, que não deixam de ter tristezas e raivas mas que confiam em Deus e que acabam por rebuscar nas crises forças para avançar.

"A Igreja promove que a família seja de verdade o âmbito onde a pessoa nasce, cresce e se educa para a vida, e onde os pais, amando com ternura seus filhos, vão preparando para saldáveis relações interpessoais que encarnem os valores morais e humanos em meio a uma sociedade tão marcada pelo hedonismo ou a indiferença religiosa". Papa Bento XVI

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Um banquete de sentido...



Evangelho segundo S. Lucas 14,12-14.

Disse, depois, a quem o tinha convidado: «Quando deres um almoço ou um jantar, não convides os teus amigos, nem os teus irmãos, nem os teus parentes, nem os teus vizinhos ricos; não vão eles também convidar-te, por sua vez, e assim retribuir-te. Quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. E serás feliz por eles não terem com que te retribuir; ser-te-á retribuído na ressurreição dos justos.»

Ontem este Evangelho tocou-me, primeiro senti-me eu o pobre que necessita de ser convidado ao banquete de Deus Pai. Sinto-me pobre porque sou um mero pecador, fraco, escravo de tanta coisa que não me edifica, de tanta coisa que só me puxa para um abismo dentro de mim. Sim sou um pobre que precisa de ser convidado para o banquete da Graça de Deus. São muitos os apelos do mundo para não ir ao banquete, para não procurar receber a graça mas fico feliz porque posso ir ao banquete, posso participar da graça de Deus mesmo sabendo Ele que não posso retribuir. E no fundo é isto que Deus quer de nós, a nossa construção, o surgimento da Primavera do Espírito Santo em nós é não mais do que a abertura do meu coração a um amor que nada espera em troca, que se sente feliz por poder amar sem segundas intenções.

E foi aqui que entrei na segunda parte da minha análise, também eu devo fazer da minha vida uma doação, mas não uma doação esperando obter algo mas sim uma doação em Cristo, para que também os meus irmãos, aqueles mais pobres da Graça de Deus possam reconhecer a força que habita no seu coração. É esta a toada da Missão do cristão, levar a boa nova da salvação a todos os povos, a toda a gente, mesmo áqueles que nada nos podem dar em troca. Quantas vezes não me fico na minha missão por aqueles que sei que participam da Graça e que sei que me podem edificar também, quantas vezes a minha missão se encerra em quatro paredes onde é fácil falar de Deus, quantas vezes não demonstro o meu amor só àqueles que me amam.

Pois é, é preciso amar mesmo sabendo que não seremos amados. O nosso coração deve buscar o amor de Deus, trazê-lo para a nossa vida de todos os dias e espalhar o seu perfume por quem se vai cruzando connosco, pois como disse um amigo meu uma vez, nós somos a bíblia onde as pessoas ainda lêem e a nossa consciência de seres amados por Deus é fundamental para que cada vez mais gente compreenda este convite de Deus para o seu banquete. Amar sem esperar nada em troca, sorrir para quem não sabe sorrir e para quem não nos vai sorrir de volta, alertar quem não quer ser alertado... Quem convidas poderá até vir a ser saciado e poderá até um dia convidar-te também a ti para o banquete da amizade mas nem sempre é assim e não deve ser esse o nosso objectivo de missão...