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terça-feira, 6 de maio de 2008

A Revolução do Justo (Parte VI)


"Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos" Mateus 5:6

Aderir a esta revolução implica querer tomar consciência do caminho para uma sociedade mais próxima da perfeição. Embora saibamos que a sociedade perfeita é utopia, temos consciência de que se nada for feito será muito pior para todos. Assim Cristo aponta-nos uma nova maneira de viver assente na busca da felicidade completa e uma das consequências é o querermos o melhor para nós e para os outros e o melhor é a alegria de uma vida vivida pelo amor. Ter fome e sede de justiça é procurar ser recto de forma a que sejamos membros activos na construção de um mundo melhor para todos, onde as consciências permitam reconhecer que existe um outro que precisa de nós. Cada ser humano não se pode considerar completamente em paz sabendo que no mundo ainda muita gente sofre perdida na escuridão da vida, a consciência deste facto serve para que não baixemos os braços e para que lutemos o bom combate.

O cristão procura viver de acordo com a justiça, procura, primeiro de tudo, ser uma fonte de justiça no mundo com o propósito de que todos possam aceder a este nivel superior de vida que é a vida em comunhão com Deus que é amor. O cristão tem consciência de que este mundo não é justo mas que se todos vivessem de acordo com os ensinamentos do Mestre de Nazaré tudo seria bem melhor para todos. Bem aventurados os que entram nesta esfera da consciência e que procuram orientar a sua vida de acordo com a justiça, pois estarão a alcançar grandes niveis de liberdade face às coisas do mundo, lutando do lado da verdade e construindo o reino dos céus no seu tempo.

Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;

Neste caminho e neste mundo ninguém pode dizer-se com uma vida sem mácula, ninguém é perfeito, só é perfeito o Pai que está nos céus. Na nossa vida cristã temos o propósito de alcançarmos a santidade mas temos de ter consciência das dificuldades e dos enganos deste mundo, até porque de certeza que já nos apanhámos em queda. Assim antes de partir a querer julgar o outro, devemos pensar que se o outro agiu mal é porque ainda não vive perfeitamente a nova vida anunciada por Cristo, devemos julgar os actos mas não as pessoas. Assim para que o homem novo surja temos que aprender a construir e a edificar no amor e fazer isto implica aprender a perdoar, a perdoarmo-nos a nós próprios pelo nosso pecado, a perdoarmos os nossos irmãos que cairam em falta e até a perdoar Deus quando sentirmos que a nossa vida está a ser uma infelicidade. Para isto é preciso ter bem presente que o que importa é chegar a este resultado de um reino de amor e para que isso aconteça temos que aprender e ensinar a amar, pois o amor é a cura de todos os males. A violência gera destruição, o amor e o perdão geram vida e amor.

"E, TENDO Jesus entrado em Jericó, ia passando.
E eis que havia ali um homem chamado Zaqueu; e era este um chefe dos publicanos, e era rico.
E procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura.
E, correndo adiante, subiu a um sicômoro para o ver; porque havia de passar por ali.
E quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa.
E, apressando-se, desceu, e recebeu-o alegremente.
E, vendo todos isto, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador.
E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado.
E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão
"
Lucas 19, 1-9

Nesta passagem podemos ver como Jesus amou primeiro, não foi preciso acusar o pobre do Zaqueu, não foi preciso querer destrui-lo para que este mudasse de vida, Jesus apenas mostrou que precisava dele e que queria ser seu amigo. Em vez de destrui-lo como merecia, Jesus amou-o e o reino de justiça desceu àquele coração, o Zaqueu foi salvo naquele dia. Com esta passagem podemos entender a importância do uso de misericordia.

Para além disso ninguém neste mundo está livre de precisar de misericordia... Não podemos acusar e querer fazer justiça quando também nós temos os nossos podres. Temos o belissimo exemplo de um senhor que já não se encontra entre nós, o Papa João Paulo II, que após sofrer um atentado foi à prisão ter com aquele que o queria matar. Desta forma aquele homem assassino foi tocado pelo amor e também ele se arrependeu mudando a sua vida.

"Os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério;
E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando.
E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.
E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.
E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
Quando ouviram isto, redargüidos da consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio.
E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.
"
João 8, 4-9

A misericordia é essencial na construção do Reino de Deus, a misericordia de Deus e a misericordia de nós uns para os outros...

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