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terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Santidade e Exemplo



No nosso testemunho não devemos esconder que somos pecadores e que temos fragilidades... o perigo é vivermos duas vidas paralelas, uma em que queremos ser santos a todo o custo e outra em que agimos de acordo com as trevas... penso que muita da ineficácia da missão da igreja nasce desta hipocrisia, insistimos em atirar com o nosso lixo para debaixo do tapete e colocamos a máscara da santidade por fora... No fundo somos tumulos caiados de branco, lindos por fora, podres por dentro... É verdade que o nosso caminhar enquanto cristãos pretende chegar à perfeição, à santidade, mas não devemos esconder o quão frágeis somos, não devemos esconder que somos fracos e pecadores que buscam a Deus... Nalguns testemunhos cristãos a que já assisti em alguns movimentos, residia muito a ideia de "eu fui pecador, Deus chamou-me e agora já sou santo", o que é mentira pois continuamos sempre a buscar, a cair... Ao admitirmos as nossa trevas a nós próprios trazemos-as à luz e poderemos sofrer uma transformação; Ao admitirmos perante os outros que somos frágeis e pecadores eles observam melhor que caminho dentro de si devem tomar rumo à santidade... Ao admitirmos que somos frágeis, não corremos o risco que os outros pensem em nós como herois a quem não se pode apontar o dedo, deste modo eles perceberão que ainda poderão ser santos quando cairem uma e outra vez, assim eles perceberão que ainda podem ser santos quando nos apanharem a nós numa queda... Muitas vezes acontece apanharmos um nosso idolo terreno em falta e a nossa fé vem por aí abaixo...

Por isso nunca deixem de admitir que existem trevas dentro de vós, nunca deixem de admitir que também caiem, que também procuram, que tentam, que lutam, os outros perceberão então que a vida é uma transformação constante, um processo de crescimento que sempre irá decorrer enquanto o nosso pisar soar sobre esta terra, e, não cairão numa depressão porque acham que não conseguem ou porque sabem que ainda tem trevas dentro deles, ou porque de repente vos apanham em queda. Ser santo neste mundo é admitir que não o somos e ainda assim não desistirmos da busca, da procura das nossas vidas.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008




Hoje li este texto de S. Romão...

Abre, Senhor, abre-me a porta da tua misericórdia antes da minha hora de partir (Mt 25,11). Porque eu tenho de partir, de ir até Ti e de me justificar de tudo o que eu digo em palavras, do que faço em acções e dos pensamentos que guardo no meu coração. «Mesmo o rumor das murmurações não escapará ao teu ouvido» (Sb 1,10). David diz-Te no seu salmo: «Os teus olhos viram-me em embrião, no teu livro está tudo escrito« (Sl 138, 13.16). Ao leres nele as marcas das minhas más acções, grava-as na tua cruz, pois é nela que eu me glorifico (Ga 6,14), gritando-Te: «Abre-nos a porta» […]

O espírito endureceu-se-nos a tal ponto que, quando ouvimos falar das calamidades que aconteceram a alguém, em nada nos corrigimos (Lc 13,1s). «Não há quem seja sensato, quem procure a Deus; estamos extraviados, estamos pervertidos» (Sl 13,2-3). Os Ninivitas, naquele tempo, arrependeram-se a um único apelo do profeta. Mas, nós, não compreendemos apelo nem ameaça. Com suas lágrimas, Ezequias pôs em fuga os Assírios suscitando contra eles a justiça do alto (2 Rs 19). Ora eis que os Assírios […] nos puseram cativos, e não chorámos nem gritámos: «Abre-nos a porta».

Divino Senhor, de todos juiz, não esperes que mudemos de atitude; tu não precisas das nossas boas acções, pois cada um de nós se dedica a más acções pelo pensamento e pela vontade. Porque é assim, Salvador, governa os nossos dias segundo a tua vontade, sem esperares a nossa conversão, pois talvez ela não se dê. E, ainda que ela venha a acontecer, será por pouco tempo, não persistirá até ao fim. Como a semente que cai entre as pedras, como a erva nos telhados, ela secará sem chegar a crescer (Mc 4,5 ; Sl 128,6). Estende pois a tua misericórdia sobre nós e todos os que pedem: «Abre-nos a porta».

São Romano, o Melodista
Hino 51

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Hoje, ao ler estas linhas de S. Romão, era como se tivesse a ler a minha própria alma... Hoje é daqueles dias que bem poderia ter escrito algo com o mesmo sentido... Nestes ultimos dias uma vontade grande de mudança tem existido em mim mas que acaba sempre por ser superada pelas minhas fragilidades, mas a questão não é querer ser mais perfeito ou santo e não o conseguir, a questão é o meu sufoco por um bocadinho de liberdade sem conseguir, as ervas daninhas em mim sufocam-me, sobem por mim, dão-me um prazer momentâneo e depois deixam-me como que vazio por dentro... E nós quando estamos vazios por dentro enchemo-nos com qualquer coisa. Sei que por mim não posso ser mais santo ou menos conflituoso internamente, mas sei que preciso de ser salvo, de ser liberto de coisas que me prendem, que não me deixam amar, que me seguram e que não me deixam ser eu... Por isso hoje Senhor hoje abre a porta, para que eu possa sair desta minha prisão, abre-me a porta para que eu possa chegar à janela do meu sorriso e deixá-la aberta para os outros, Abre-me a porta para que eu possa explodir de actividade em mim, para que a tua luz penetre em todo o meu ser, renovando-me e revelando o que de mais bonito tenho dentro de mim, por isso Senhor te clamo em conjunto com o salmista São Romano e faço do seu hino o meu hino também: «Estende pois a tua misericórdia sobre nós e todos os que pedem: «Abre-nos a porta». »

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Saciará A sede das suas ovelhas....




Às vezes sento-me nas profundezas da minha alma, lá no fundo... no fundo de cada um de nós há um regato onde Deus se faz presente, se fizermos o caminho de mansinho, encontramos este regato, sentamo-nos... e roendo um fruto fresquinho vamos olhar a cara de Deus e dizer: huuummm tão bom estar aqui... a água doce, fresquinha... o ar temperado, suave... a relva fofinha debaixo de nós tipo colchão a embalar o nosso descanso... Deus nestas alturas diz-me: tão amigo, por onde "andeste"?

e eu respondo...

- Boa pergunta...
Andei por aí...

Deus dirá... de novo...

- Rui...

- sim senhor...

olhará para mim e estenderá a sua mão...

E é nesta parte que eu choro as minhas dores, uma lágrima... duas... várias lágrimas começam a desfilar pelo meu rosto, mas o olhar de Cristo ali tão perto, tão sereno, tão amigo, tão cumplice do meu sofrimento, feliz por eu estar ali dirá:

- Sê feliz! luta por isso...

E eu digo...

- eu luto, sei que outros dependem de mim, mesmo que pouco q seja, mas posso fazer uma pequena diferença se tu me iluminares... e esta pequena diferença poderá um dia ser o clique para que as suas almas já iluminadas pela tua luz, pelo teu sorriso, pelo partir do pão, possam sorrir um sorriso sincero...

Deus dirá...

Vai, leva a minha paz, que não é como a que dá o mundo... e... porta-te bem...

e eu com cara de criança muito concentrada no seu papel de menino bem comportadinho...

Jesus ri, nestas alturas...

E eu acordo da minha oração...

Boa Quaresma!

é que Deus é alentejano e espera que a vida nos leve até Ele... fica ali sentado, debaixo de uma azinheira, à espera, sorrindo com a perspectiva de um encontro connosco, com aquilo que somos... no mais profundo de nós!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Quaresma




Nesta quarta feira de cinzas não façamos discursos muito bonitos de quaresma, linhas ou palavras de estudo... Nesta quarta feira de cinzas não continuemos a olhar para fora, para aquilo que achamos que deveria ser diferente no mundo...

Hoje...

Neste dia...

Nesta quarta feira de cinzas...

Olha para dentro de ti, recolhe-te no silêncio, esquece as teorias, os afazeres, as preocupações e olha para dentro de ti...

Que queres ser? Como queres ser? Que tipo de ser humano queres ser? Onde queres chegar? A que porto queres chegar? Como queres ser lembrado na tua passagem pelo mundo? Pois é... o dia de hoje com toda a sua dinâmica propôe-te uma caminhada de 40 dias, uma caminhada que começa hoje, neste instante...

Não adies mais...

Pára! Fecha-te um bocadinho em ti mesmo...

Que orientação tomou a tua vida? que sentido? A tua vida está onde querias que ela estivesse? Tu és o resultado do teu sonho, de ti mesmo ou és o resultado do que se passa à tua volta? Não és o que querias ser, pois não? se pensares bem não és, nunca somos... Por isso devemos olhar para nós, fecharmo-nos num bocadinho e tentarmos perceber o que em mim me impede de ser... Que lixos ainda carrego em mim que não me deixam brilhar?

Faz uma lista desses lixos que carregas, queima-a e entrega as cinzas nas mão de Deus para que Ele com a tua ajuda, te possa renovar!

Até podes não acreditar em Cristo ou em Deus mas aproveita esta dinâmica para olhar para dentro de ti próprio, para tirares teias de aranha que estão dentro de ti... areja a tua alma, limpa-a daquilo que é lixo... e...

Boa Quaresma!