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segunda-feira, 31 de março de 2008

Um Deus de Misericordia


No passado Domingo, o primeiro a seguir à Páscoa, a Igreja Católica celebrou o Domingo da Divina Misericórdia. Esta festa, para os crentes, surgiu de um pedido feito pelo próprio Jesus a santa Faustina.

"Quando a alma vir e reconhecer a gravidade dos seus pecados, quando se abrir diante dos seus olhos todo o abismo da miséria em que mergulhou, que não se desespere, mas antes se lance com confiança nos braços da Minha misericórdia, como uma criança no abraço da sua querida mãe."
Diário de Santa Faustina (1541)

Jesus revela-se-nos na sua grande glória, uma glória de amor, de alguém que serve de farol para orientar para Deus Pai, um Deus de amor, que vive do amor, pelo amor e para o amor. Este Deus de amor ama-te com todas as suas forças e quer que faças caminho neste mundo para aprenderes, por ti próprio, que só pelo amor podemos ser salvos. Jesus é a luz do mundo e quem o seguir não andará nas trevas porque aprenderá que o amor é o mais forte, o que não se corrompe nem morre, aprenderá que não há outros caminhos salviticos se não um caminho de entrega, de doação de nós mesmos, sem amarras ao que se chama de pecado. Este caminho pode muito facilmente ser confundido com a aniquilação do ser humano, numa ideia errada de que a igreja é contra tudo o que é considerado prazer, mas a igreja apenas nos chama a atenção para não nos tornarmos escravos de muita coisa que só nos dá um prazer momentâneo.

Mas Deus sabe que nós somos escravos, sabe que na nossa busca tentamo-nos agarrar a qualquer coisa que faça sentido. Facto que piora quando Deus não nos é fisicamente palpável. Deus está sempre connosco, todos os dias a todas as horas mas não se deixa ser palpável porque assim abraçariamos a salvação não porque conscientemente descobriamos ser o unico caminho para uma vida de sentido, mas sim por medo de um Deus presente que nos controlasse.

Assim a presença de Deus no mundo é muito discreta e misericordiosa, Ele vai actuando subtilmente na nossa vida sem forçar muito, inspira-nos para que procuremos a verdade, com o seu Espirito Santo. Vai actuando subtilmente no mundo sem o condenar, observa sem se vingar, espera uma espera activa a nossa chegada, o nosso advento. Jesus Cristo foi, para mim, o maior sinal de Deus. Jesus sendo ou não sendo o próprio Deus encarnado, será de certo o que mais revelou deste Deus que tanto nos ama, um Deus que afinal não é vingativo, um Deus que afinal é Pai e que nos ama como filhos, num amor incondicional.

O cristianismo é uma opção de vida que vê em Jesus o reflexo de Deus Pai, a imagem real de Deus. Quem o vê a Ele, vê a Deus Pai. Quem o seguir só poderá ter como destino o abraço de Deus Pai. Jesus é a imagem de Deus no mundo, o caminho modelo para que em cada ser humano possa surgir a Primavera do Espirito Santo. Deus espera-nos, não nos evita os invernos nem as primaveras, pois sabe que são essênciais a cada um para que, um dia, a verdadeira Primavera, a Primavera das primaveras possa desabrochar dentro de cada um.

Deus ama-te, Deus jamais te abandona, está sempre contigo, chora quando choras, ri contigo, caminha contigo. Hoje poderás não ver a sua presença e achares que estás sozinho, mas hás-de deixar a primavera entrar dentro de ti e aí uma sensação maravilhosa de consolo percorrer-te-á a alma e tudo ficará claro aos teus olhos.

Confia!

quinta-feira, 27 de março de 2008

Ecumenismo e a Primavera do Espirito Santo


As religiões continuam de costas voltadas, muito centradas nas sua doutrinas, nas suas origens, negando e indo contra tudo o que vem de fora. Continua a existir muitas costas voltadas... Esquecemo-nos de que Deus é amor e como a sua essência é amor, Ele só pode amar. Acredito que as diversas religiões do mundo resultam da acção do Espirito Santo na vida dos homens, é Deus através do Seu Espirito Santo que quer moldar o homem, quer salvá-lo, quer torná-lo feliz... É Deus que quer que a humanidade aprenda o caminho da santidade, que se auto-transforme com a Sua ajuda. Assim ao longo dos séculos o Espirito Santo tem falado aos homens, tem inspirado a humanidade, fazendo sentir em cada coração que o destino da humanidade é muito maior e que não tem fim neste mundo que conhecemos. O Espirito Santo não se tem poupado a esforços e a humanidade continua a crescer, nos seus conflitos e nas coisas boas para alcançar uma realidade suprema. O homem é religioso por natureza porque em cada coração reside o Sopro Divino do Criador.

Isto tudo para dizer que as barreiras que as diversas religiões erguem não fazem sentido, não será preciso cada uma adoptar as doutrinas das outras, mas sim entrar em diálogo, unificar esforços por uma paz mais verdadeira e por fins humanitários mais elevados que as discussões teológicas e filosóficas. Não se pode pedir às diversas religiões que abdiquem dos seus principios mas seria importante que cada uma ofertasse o que mais de belo tem, num diálogo construtivo por um mundo melhor, mais justo, mais humano.

É esta a primavera do Espirito Santo no mundo, que só poderá ocorrer numa linha ecuménica entre todos. Outrora falava-se no corpo mistico mas a nova Primavera que quer surgir no mundo é um corpo muito maior onde muito diferentes partes e fracções religiosas entram em articulação e formam um verdadeiro corpo com Deus e em Deus. Cada religião não terá que abdicar das suas ideias e da sua fé porque em todas está presente a elevação do Homem ao Divino. Nesta nova humanidade o templo de Deus não teria paredes e como, ouvi a um amigo meu, apenas teria como tecto o Espirito Santo que abrigaria todo o género humano num objectivo comum, o ideal dos ideais, a paz na totalidade, a harmonia.

Utopia, talvez... mas é o sonho que comanda a vida e o caminho é para a frente!

quarta-feira, 26 de março de 2008

Uma Nova Vida Com o Ressuscitado!


Hoje trago-vos uma questão algo complexa, a do inferno e a do céu... Se Deus é amor e se Deus nos perdoa sempre, então podemos pecar à vontade? Eu próprio já dei comigo a pensar que posso pecar à vontade porque Deus vai perdoar, porque Deus é bom. Analisando melhor percebo que o inferno não é tanto um lugar, mas mais um estado de espirito, o inferno somos nós que o criamos no nosso interior de cada vez que nos afastamos do abraço do Pai, o inferno é não ver um sentido, o inferno é viver amargurado na revolta de Deus não ser o que nós gostariamos que fosse. Na minha pouca experiência teológica vejo o inferno como algo que vivo todos os dias, pois o inferno esconde-se em cada amarra que não me deixa ser livre para amar. No dia a dia estamos sempre nesta corda bamba, entre o inferno e o céu, entre a procura da felicidade no egoismo e a procura da felicidade no amor. Assim não é Deus que com um sentido vingativo nos atira para o inferno, o inferno é sim construido por nós. Neste tempo Pascal o Ressuscitado continua a falar-nos ao coração para destruirmos o nosso inferno e abraçarmos a glória de Deus, uma glória que não é como as glórias que procuramos, de poder, de dinheiro, de fama. É preciso abraçar a glória de Deus, uma glória assente, sobretudo no amor. Jesus estende a sua mão para nos salvar, utilizando o seu exemplo e o seu amor, se o entendermos no fundo do nosso coração e se abraçarmos o seu amor e o seu modo de viver estaremos a destruir o inferno que construimos e a abraçar a glória de um Céu que Deus nos oferta e onde Deus nos espera.

Como construir o Céu dentro de nós? Sobretudo com a ajuda do ressucitado e com o modelo existêncial que Ele nos oferta. Para isso há que contemplar as escrituras, há que reflectir nas palavras do ressuscitado, há que tentar viver o amor, aprender a perdoar, aprender a amar sem esperar algo em troca. Não é um caminho fácil este, mas acredito que é o unco caminho possível para nos tirar destes muros onde nos fechamos, deste inferno que construimos... Jesus continua a chamar-nos a um novo modo de vida e continua a apontar-nos a saída real para deixarmos o nosso inferno. É que as outras saídas apenas nos fazem esquecer o inferno, não nos tiram de lá...

Faz Páscoa em ti! É Deus que quer sentir o teu abraço!

quarta-feira, 19 de março de 2008

A Primavera da Ressurreição


A Ressurreição, segundo Cristo, é sobretudo um convite a uma vida nova, diferente, fora do egoismo, de serviço pela conquista da alegria completa em que somos livres, totalmente livres para amar. No cristianismo também há os pecadores, os escravos do egoismo, pois, é que a igreja é feita para o Homem e pecadores somos todos... A Ressureição de Cristo é o mais fantástico e belo sinal da nova primavera anunciada à dois mil anos, Uma nova primavera que tem sido construida ao longo dos séculos mas que ainda não se concretizou na totalidade. Mas tu podes sentir o perfume dsta nova primavera, e, mais do que sentir o seu aroma, foi-te dado o poder de hoje a trazeres ao teu coração, nem que seja por breves instantes... Se hoje te ajoelhares e chorares as tuas faltas de amor e a tua escravidão ao egoismo verás uma esperança renovada e uma vontade grande de amares...

E aí estará a primavera, no amor, na entrega aos outros, na despreocupação de ti... De cada vez que te preocupares mais com o outro, de cada vez que deres um pouco de ti, de cada vez que despertares da tua insignificante vida de busca de prazeres para
encontrares a felicidade, a verdadeira felicidade de amar, aí estarás a viver a Primavera.

terça-feira, 11 de março de 2008

Deserto



A presença de Deus é mais intensiva quando estamos no deserto, ouvi a uma amiga minha... acho que é porque no deserto não há mais nada do que areia, dunas e o silêncio... No deserto a nossa alma entra numa quietude forçada, no desamparo que sentimos procuramos o amparo, apuramos o ouvido buscando, apuramos o olhar, apuramos todos os sentidos... do fundo de nós buscamos o sentido, não um sentido qualquer, como aconteceria se tivessemos rodeados de agitação e barulho, mas sim o sentido unico, aquele que resta quando não temos já mais nada...

Já reparaste que doi quando estamos só, em silêncio, sem nada para fazer, sem ninguèm com quem falar... Muitas vezes mal entras no carro ou em casa a primeira coisa que fazes é procurar um botão, do rádio ou da televisão... Pois é custa estar sózinho, em silêncio, desnudos em frente ao espelho da consciência...

sim custa, custa porque tens medo de não ir gostar do que vês...

sim custa porque sabes que existemcoisas em ti que em posse plena da tua consciência, não farias...

Custa porque sabes que um outro sentido existe na vida mas a nossa alma não quer largar outros sentidos, outras razões...

No entanto, mais tarde ou mais cedo, a tua alma irá cair nesse silêncio, um desaire, um revés na tua vida talvez, mas alguma coisa te fará ficar em silêncio, no deserto, sem mais nada...

quinta-feira, 6 de março de 2008

Ressuscitar para uma nova vida!



5º Domingo da Quaresma – Ressuscitar para uma nova vida!

Leitura 1 Ezequiel 37, 12-14;
Sal 129, 1-2. 3-4ab. 4c-6. 7-8
Leitura 2 Rom 8, 8-11
Evangelho Jo 11, 1-45 ou Jo 11, 3-7. 17. 20-27. 33b-45

Neste Domingo a palavra fala-nos ao coração sobre duas dimensões que coabitam na vida, a dimensão da frustração, do medo, da revolta e do ódio e a dimensão da mansidão do amor, da mudança e da esperança. A primeira leitura promete a abertura dos nossos túmulos, neste texto de Ezequiel este túmulo é o nosso egoísmo o nosso olhar para o mundo como local perdido, como um salve-se quem puder… Nesta dimensão não existe lugar para a Esperança, tudo parece ser em vão, nada do que se possa fazer interessa pois tudo perecerá.

Deus ao fazer este mundo fê-lo como uma escola onde temos a oportunidade de aprender e de conhecer o mais importante dos tesouros, a vida plena, a alegria completa, mas acontece que facilmente podemos cair no desespero e na desesperança, neste estado caímos no egoísmo, morremos para os outros, vivemos a correr para ter um bocadinho do que pensamos ser a felicidade, em coisas mundanas que nada nos adiantam. Se calhar não são más estas coisas mas o nosso egoísmo cega-nos e faz-nos escravos delas. Na nossa ânsia de liberdade não percebemos que nos estamos a prender e a tornarmo-nos escravos por nossa própria iniciativa. É aqui que entra o forte apelo do Senhor através de Ezequiel «Vou abrir os vossos túmulos e deles vos farei ressuscitar, ó meu povo, para vos reconduzir à terra de Israel.», Deus quer-nos felizes e quer-nos ensinar que a verdadeira felicidade se esconde muito para além das coisas deste mundo e, principalmente, muito para além do nosso egoísmo. Por isso somos chamados a sair do nosso tumulo, do nosso egoísmo, da nossa miséria. Como ensina Paulo na segunda leitura somos chamados a não sermos escravos das coisas deste mundo e a procurarmos uma realização humana muito mais divinizada, à verdadeira imagem do Deus que Jesus nos veio dar a conhecer. A nossa verdadeira felicidade não reside fora de nós, neste mundo. A verdadeira felicidade reside na medida em que saindo do nosso egoísmo mais nos encontrarmos no amor aos outros. Na forma desinteressada de amar está o segredo da felicidade pois neste desinteresse de nós mesmos encontraremos a nossa essência mais profunda de filhos de Deus e de concretizadores de milagres.

E eis o Evangelho a rasgar tudo de alto a baixo, Jesus quer mostrar por um acontecimento concreto, que Ele é a ressurreição e a vida, que é o exemplo supremo de onde encontrar a verdadeira felicidade, Jesus oferece-se como modelo para que cada um de nós encontre o abraço de um Deus que é Pai e não padrasto. Jesus veio iluminar o mundo para que nós, os mortos fechados no túmulo do nosso egoísmo, possamos sair e experimentar o gosto da liberdade suprema, a divinização do humano, o alcance de uma nova condição humana, o Homem Novo. Das profundezas dos nossos túmulos fechados uma luz desponta, olhamos e não percebemos, só é possível contemplar a luz mais de perto se desviarmos o nosso egoísmo, entregando-nos ao amor. Mas isto não é fácil, quando amamos corremos o sério risco de sofrermos desilusões, de sofrer e assim ocorrerá até que do fundo de nós tenhamos a verdadeira noção da forma como Jesus nos ama e de como Jesus nos quer ensinar a amar… Vou silenciar-me para escutar melhor o que a palavra me quer dizer para que eu possa sair deste tumulo que continuo a erguer, com receio de lutar por ter a luz de Jesus.

Para um melhor aprofundamento e para ler a palavra de Domingo: http://www.agencia.ecclesia.pt/noticia_liturgia.asp?noticiaid=57193